sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Quem é que paga a conta no final? Caso: Aterro de Gramacho

Algumas pessoas costumam ter a ideia um pouco equivocada de que aterro é solução final.
Creio que é porque geralmente não lêem bem as cláusulas do contrato que estão assinando.
Este assunto é tão polêmico que, até mesmo os aterros preferem colocar no objetivo do contrato as palavras ARMAZENAMENTO TEMPORÁRIO junto das palavras "destinação final".

Se há dúvida nisto, seguem trechos de um contrato de uma empresa muy conceituada em Minas Gerais.
Se você tem um contrato em mãos, dê uma olhadinha pra ver se seu contrato é parecido com o deste blog.

Dê uma olhada também no prazo de validade do monitoramento de seu resíduo.


Este contrato aqui é de 20 anos.
E depois?
Depois da "garantia" vencer, o resíduo volta pro légitimo dono se caso houver qualquer probleminha de contaminação.

Bom, independente destes pequenos detalhes contratuais, gostaria de trazer uma outra questão de ordem prática aqui.
Existe em Caxias um aterro chamado Jardim Gramacho e ao que parece, está nas últimas.
Este aterro funciona desde 1978 e recebe diariamente 7.700 toneladas de vários municípios do Rio de Janeiro.
Isso significa que muuuuito lixo está enterrado lá.
O problema é que, segundo o Secretário de Meio Ambiente Carlos Minc mais de 50% da área do aterro de 1,5 milhão de Km² já foi afetada e está interditada. Além disso,  existe um bolsão de chorume embaixo deste aterro que, à qualquer momento, pode ser despejado tanto na nascente do Rio Sarapuí como na Baía de Guanabara. E isso não seria nada legal!
A FEEMA exigiu que a empresa que administra o aterro, Comlurb, fizesse análises quinzenais para acompanhar o grau de contaminação no solo e pediu à Comissão Estadual de Controle Ambiental e para a própria Comlurb ampliar a áera do Aterro de Gericinó mas, e aí?  Mais 32 anos até o proximo aterro esgotar? E depois?
O que é impressionante é que, mesmo sabendo desta pequena catástrofe ainda continuam com o discurso de que outras alternativas são inviáveis e caras.
Quer saber o que é caro?
Monitorar quinzenalmente um aterro pela vida toda é caro!
Remediar áreas contaminadas por conta deste aterro é caro!
Pessoas e animais se contaminarem por conta deste aterro é caro!
Contaminar a nascente do Rio Sapucaí é caro!
Em São Paulo, outro aterro que foi fechado vai custar aos antigos usuário a bagatela de R$750.000.000 para recuperação da área degradada e a destinação final dos resíduos que foram armazenados de forma "definitiva".
E enquanto houver a visão tacanha e imediatista de nosso governo e orgãos ambientais encontraremos muitos outros casos como Gramacho e, continuaremos a pagar caro por isso.

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