sábado, 30 de outubro de 2010

Morando em cima de um Aterro. Caso Rhodia e aterro Cofap - Mauá

Quando escolhemos um lugar para morar geralmente olhamos todas (ou quase todas) as vantagens e desvantagens do apartamento que pretendemos comprar.

O problema é que hoje em dia não basta segurança, preço e localização. Temos que verificar também o que possa existir embaixo dos nossos pés. Basta lembrar de alguns casos famosos pra começar a se perguntar se varreram alguma coisa pra debaixo do nosso tapete.

Veja por exemplo os casos do condomínio construído sobre o aterro da empresa Cofap Mauá e da Favela Mexico 70 em Cubatão.

Pra quem não sabe, o caso Mauá veio à tona após um funcionário do condomínio ter sido morto e outro queimado por conta de uma explosão de gases causada pelos resíduos que haviam sido enterrados embaixo do condomínio. Este crime aconteceu porque a Cofap utilizou aquele lugar como aterro industrial  e destinou seus produtos tóxicos clandestinamente alí.

Passados alguns anos, a Cofap vendeu o terreno para a empresa SQG que construiu um belo conjunto de prédios naquele local.

Já se passaram dez anos após a morte do funcionário e, até hoje, os moradores são obrigados a conviver com Benzenos e outras substâncias cancerigenas sem que tenham recebido qualquer indenização da Cofap, da prefeitura ou da construtora SQG.

Agora, se compararmos este caso com um outro também bem conhecido que aconteceu em Cubatão por conta da empresa Rhodia daria pra pensar que o caso Mauá é brincadeira de criança.

Tudo começou na década de 1960 quando a empresa chamada Clorogil iniciou suas atividades em Cubatão produzindo diversos produtos químicos.  Desde o início a disposição correta de seus resíduos nunca foi uma dos lemas da empresa por ela e, ao longo destes mais de 45 anos, espalhou seus resíduos perigosos em aterros clandestinos e à céu aberto por toda a região.

Dentre os diversos produtos produzidos, foi o Pentaclorofenol, conhecido como Pó da China, que marcou a Rhodia naquele período.

Pó da China foi um produto químico muito usado no passado para conservar madeira, desinfetar e servir como fungicida. O problema é que, além destas "qualidades", o Pentaclorofenol também afetava o sistema cardiovascular, respiratório, nervoso, reprodutivo e debilitava o sistema imunológico das pessoas que tinham qualquer contato com esta substância.

Desde a década de 1960 ela foi produzida em larga escala pela empresa Clorogil e continuou a ser fabricada após fundir-se ao Grupo Rhône-Poulenc representada no Brasil pela empresa Rhodia S.A.

A contaminação por Pentaclorofenol foi Geral. Não havia lugar naquela região que não houvesse esta substância no solo e nos lençois freáticos porém, um dos lugares mais afetados pelos resíduos foi um área chamada Favela México 70

Segundo o site ACPO  "O Projeto de Urbanização da Favela México 70 ...estaria contaminado por lixo tóxico oriundo dos depósitos clandestinos da Rhodia, implantados na década de 70 na região continental, e cujos resíduos acabaram sendo levados pelos rios para o estuário de São Vicente."

 "Até o momento, 569 sobrados foram entregues pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), que já iniciou a construção de mais 304 apartamentos no local da favela, a maior do Estado, formada por barracos fincados no mangue, que abrigam cerca de 40 mil pessoas vivendo sem as mínimas condições de higiene. Alheias ao possível perigo, dezenas de crianças brincam diariamente no local, no meio das obras, mantendo contato direto com o aterro. Em São Vicente são seis os pontos contaminados."

É triste saber que estas pessoas já se submetem à condições de vida subhumanas e ainda por cima, têm que conviver com substâncias sabidamente cancerigenas.sem que ninguém faça nada!

O Monitor de Aterros já apresentou  o Love Canal em outro post no qual crianças na década de 70 começaram a nascer com mutações por conta de um aterro industrial que existia embaixo de suas casas.
A diferença neste caso porém, é a vontade política que houve em cuidar das vítimas desta catástrofe.

Este não foi o caso dos moradores de Mauá e da  Favela México 70!

Aqui tudo anda conforme outros interesses!

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